Seminário aborda a incidência de doença que acomete gatos em Santa Catarina
- Gustavo Milioli
- 4 de jun.
- 3 min de leitura
Uma doença ainda pouco conhecida em Santa Catarina, a esporotricose, foi tema de um seminário realizado pela Comissão de Proteção, Defesa e Bem-Estar Animal da Alesc, na noite desta terça-feira (3). No encontro, protetores e ativistas da causa animal também relataram problemas envolvendo o enfrentamento dessa doença, que atinge principalmente os gatos.

A esporotricose é uma infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, transmitida principalmente pelo contato com felinos infectados. Sua principal característica está relacionada ao surgimento de lesões cutâneas em humanos e animais.Conforme o proponente do seminário, o deputado Mário Motta (PSD), o objetivo foi esclarecer dúvidas sobre a doença, bem como apontar os meios de prevenção e combate. "Recebemos muitos questionamentos, além de pedidos de ajuda, sobre essa doença. A preocupação é maior é por ela atacar principalmente os gatos e poder chegar ao ser humano. E o nível de conhecimento dessa doença é relativo", afirmou o parlamentar.
Esclarecimentos
O seminário foi aberto com a palestra da médica veterinária especializada em felinos Adriana Oliveira da Silva Queiroz. Ela apresentou informações sobre a doença, sua incidência no Brasil, bem como estratégias para identificação dos sintomas, procedimentos em caso de suspeita e os principais meios de prevenção.
"É uma zoonose grave e negligenciada em todo o Brasil. Falta se falar dessa doença, mas ela está aí há muito tempo. Temos que tomar providências, tirando os gatos das ruas, fazendo castração, afinal eles são vítimas", disse. A palestrante explicou que os gatos, pelo hábito de afiarem as unhas e enterrarem seus excrementos, contaminam-se com o fungo causador da doença e, ao arranharem outros animais e seres humanos, transmitem-no.
Ela alertou para a importância de manter os felinos dentro de casa, no caso dos animais domésticos, e de se castrar aqueles que estão nas ruas."Com qualquer lesão em gato, ele precisa ser levado ao veterinário para saber se é a esporotricose. Quanto mais cedo começar o tratamento, maior a chance de cura desse animal", acrescentou.
Situação em SC
De acordo com o diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da Secretaria de Estado da Saúde (SES), João Augusto Fuck, a esporotricose ainda é uma doença considerada recente em Santa Catarina. Desde 2021, foram registrados 650 casos em animais e 140 em humanos."Para o Estado, ainda é uma doença nova, cuja estruturação da vigilância ainda está em andamento.
No ano passado, ela passou a ser uma doença de notificação compulsória", afirmou. "Ela ainda enseja conhecimento, entender a dispersão dela no território catarinense para que, em conjunto com outras áreas, adotar as medidas de controle adequadas."O tratamento para humanos contaminados é disponibilizado pelo Ministério da Saúde em toda a rede pública de saúde.
Orientações
Segundo a representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-SC), Thalyta Marcilio, as ações do órgão sobre a esporotricose começaram no ano passado, com a orientação dos médicos veterinários a respeito da doença. "Percebemos que muitos colegas têm dificuldade em fazer o diagnóstico, o tratamento", comentou.O CRMV-SC também pretende distribuir materiais de orientação nas unidades de saúde, principalmente para que os tutores possam identificar os possíveis sintomas em seus animais.
O conselho está preocupado com a destinação dos cadáveres dos felinos que morrem em decorrência dessa zoonose.Protetores e ativistas da causa animal participaram do seminário e denunciaram fragilidades na prevenção, no combate e no tratamento da doença em municípios do estado. Eles cobraram principalmente a realização de mutirões de castração de animais de rua e o fornecimento do medicamento indicado para o tratamento.
A diretora do Dibea-SC, Fabrícia Costa, lembrou que o Estado lançou o programa de castração Pet Levado a Sério, que pretende levar recursos a municípios de até 100 mil habitantes para a realização de mutirões. "A principal ferramenta para combater as zoonoses, inclusive a esporotricose, é por meio de programas eficazes de castração", destacou.
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